domingo, 24 de maio de 2009

DIA DA ÁFRICA - 25 DE MAIO


Segue um texto trabalhado pelo Prof.Dr. Valdemir Zamaparoni durante o Curso “Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa: uma introdução histórica”, oferecido pelo Centro de Estudos Afro-brasileiro/UPE. Na realidade é um fragmento de ensaio retirado do trabalho de Manuel Rui. Eu e o outro – O invasor ou Em poucas três linhas uma maneira de pensar o texto. (In Medina, Cremilda. Sonha Mamana . África. São Paulo: Epopéia, 1987).

Penso que este material nos possibilita ampliar as discussões sobre a História da África no espaço de sala de aula.

"Quando chegaste mais velhos contavam estórias. Tudo estava no seu lugar. A água. O som. A luz. Na nossa harmonia. O texto oral. E só era texto não apenas pela fala, mas porque havia árvores, parrelas sobre o crepitar de braços da floresta. E era texto porque havia gesto. Texto porque havia dança. Texto porque havia ritual. Texto falado ouvido visto. É certo que podias ter pedido para ouvir e ver as estórias que os mais velhos contavam quando chegaste! Mas não! Preferiste disparar os canhões. A partir daí comecei a pensar que tu não eras tu, mas outro, por me parecer difícil aceitar que da tua identidade fazia parte esse projeto de chegar e bombardear o meu texto. Mais tarde viria a constatar que detinhas mais outra arma poderosa além do canhão: a escrita. E que também sistematicamente no texto que fazias escrito inventavas destruir o meu texto ouvido e visto. Eu sou eu e a minha identidade nunca a havia pensado integrando a destruição do que não me pertence.

Mas agora sinto vontade de me apoderar do teu canhão, desmontá-lo peça a peça, refazê-lo e disparar não contra o teu texto não na intenção de liquidá-lo, mas para exterminar dele a parte que me agride. Afinal assim identificando-me sempre eu, até posso ajudar-te à busca de uma identidade em que sejas tu quando eu te olho, em vez de seres o outro.

Mas para fazer isto eu tenho que transformar e transformo-me. Assim na minha oratura para além das estórias antigas na memória do tempo eu vou passar a incluir-te. Vou inventar novas estórias. Por exemplo, o espantalho silencioso que coloco na lavra para os pássaros não me comerem a massambala passa a ser o outro que não fazia parte do texto. Também vou substituir a surucucu cobra maldita. Surucucu passa a ser o outro. E a cobra no meu texto inventado agora passa a ser bela e pacífica se morder o outro com o seu veneno mortal.

E agora o meu texto se ele trouxe a escrita? O meu texto tem que se manter assim oraturizado e oraturizante. Se eu perco a cosmicidade do rito perco a luta. Ah! Não tinha reparado. Afinal isto é uma luta. E eu não posso retirar do meu texto a arma principal. A identidade. Se o fizer deixo de ser eu e fico outro, aliás, como o outro quer. Então vou preservar o meu texto, engrossá-lo mais ainda de cantos guerreiros. Mas a escrita? A escrita. Finalmente apodero-me dela. E agora? Vou passar o meu texto oral para a escrita? Não. É que a partir do movimento em que eu o transferir para o espaço da folha branca, ele quase morre. Não tem árvores. Não tem ritual. Não tem as crianças sentadas segundo o quadro comunitário estabelecido. Não tem som. Não tem dança. Não tem braços. Não tem olhos. Não tem bocas. O texto são bocas negras na escrita quase redundam num mutismo sobre a folha branca. O texto oral tem vezes que só pode ser falado por alguns de nós. E há palavras que só alguns de nós podemos ouvir. No texto escrito posso liquidar este código aglutinador. Outra arma secreta para combater o outro e impedir que ele me descodifique para depois me destruir.

Como escrever a história, o poema, o provérbio sobre a folha branca? Saltando pura e simplesmente da fala para a escrita e submetendo-me ao rigor do código que a escrita já comporta? Isso não. No texto oral já disse: não toco e não o deixo minar pela escrita, arma que eu conquistei ao outro. Não posso matar o meu texto com a arma do outro. Vou é minar a arma do outro com todos os elementos possíveis do meu texto. Invento outro texto. Interfiro, desescrevo para que conquiste a partir do instrumento de escrita um texto escrito meu, da minha identidade. Os personagens do meu texto têm de se movimentar como no outro texto inicial. Têm de cantar. Dançar. Em suma temos de ser nós. ‘Nós mesmos’. Assim reforço a identidade com a literatura.

Só que agora porque o meu espaço e tempo foi agredido, para defender por vezes dessituo do espaço e tempo o tempo mais total. O mundo não sou eu só. O mundo somos nós e os outros. E quando a minha literatura transborda a minha identidade é arma de luta e deve ser ação de interferir no mundo total para que se conquiste então o mundo universal.

Escrever então é viver.

Escrever assim é lutar.

Literatura e identidade. Princípio e fim. Transformador. Dinâmico. Nunca estático para que além da defesa de mim me reconheça sempre que sou eu a partir de nós também para a desalienação do outro até que um dia e virá “os portos do mundo sejam portos de todo o mundo”.

Até lá não se espantem. É quase natural que eu escreva também ódio por amor ao amor".

TEXTO POSTADO EM:www.tecendocidadaniacomarte.blospot.com

ACESSE:http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=historia+da+africa&btnG=Pesquisa+Google&meta=&aq=f&oq=;
http://ricardoriso.blogspot.com/2007/10/eu-e-o-outro-o-invasor-ou-em-poucas-trs.html;

IMAGEM:http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://conhecimentoearte.zip.net/images/africa.jpg&imgrefurl=http://conhecimentoearte.zip.net/&usg=__mdX-TOaNCdQxnpsLQXmbj3jr-XE=&h=695&w=944&sz=87&hl=pt-BR&start=76&um=1&tbnid=razlSVsoekRoiM:&tbnh=109&tbnw=148&prev=/images%3Fq%3DAFRICA%26ndsp%3D18%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN%26start%3D72%26um%3D1

sábado, 13 de dezembro de 2008

ATIVIDADES DE ENCERRAMENTO DO PROJETO TECENDO CIDADANIA 2008-DIA 10/12/08

CAMINHADA PELOS 60 ANOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS(DUDH)
Nos concentramos no prédio da escola a partir das 7:30hs.Uma faixa já anunciava a atividade do projeto.
Os alunos da escola(830), agrupados por turmas, se organizaram para um desfile.Cada turma fez uma faixa com um dos artigos da DUDH.
Os primeiros anos organizaram durante as aulas um concurso de frases e durante a caminhada cada turma levou às ruas a frase vencedora.
A equipe docente da escola, tão motivada quanto os alunos, de tudo participou e a tudo esteve atenta.
Caminhando e cantando iniciamos nossa caminhada acompanhadas por um carro de som que anunciava à cidade de Garanhuns que a Escola de Referência se fazia presente na luta pela defesa e divulgação da DUDH.
"LIBERDADE: UM GRITO DE PODER" era a mensagem do 2º ano "B" numa faixa com duas mãos unidas segurando o planeta.
Várias faixas se seguiam anunciando: Direito a uma nacionalidade...
Que ninguém será mantido em escravidão ou servidão...
Que todo ser humano tem o direito de viver com dignidade, igualdade e segurança...
Que não pode haver segurança sem paz, sem uma paz verdadeira e que essa paz e que essa paz deve ser construída sobre a base dos direitos humanos...
Que amamos o Brasil no verde e amarelo cores de orgulho quee deram sentido ao artigo XV.
O segundo ano "F" sem mais palavras pedia paz para Garanhuns.
Tomamos as ruas da cidade e com alegria ...
Perguntavámos onde Você esconde seu racismo? Não o esconda joque-o no lixo...Era a mensagem do 3º ano "C". As frases se faziam ver afirmando...
"Não podemos mudar o mundo, mas podemos fazer nossa parte"...
" Ser homem é ter uma vida digna, é poder viver e crescer e se tornar um cidadão"

"Eu posso até me conformar com a derrota após uma batalha, mas nunca sem batalhar"...
E assim seguimos...
"Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Somos todos iguais braços dados ou não,
Nas escolas, nas ruas, campos, construções,
Caminhando e cantado e seguindo a canção,
Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer,
Pelos campos a fome em grandes plantações,
Pelas ruas marchando indecisos cordões,
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão,
E acreditam nas flores vencendo o canhão,
Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer,
Há soldados armados, amados ou não,
Quase todos perdidos de armas na mão,
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão,
Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer,
Nas escolas, nas ruas, campos, construções,
Somos todos soldados, armados ou não,
Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Somos todos iguais, braços dados ou não,

Os amores na mente, as flores no chão,
A certeza na frente, a história na mão,

Caminhando e cantando e seguindo a canção,
Aprendendo e ensinando uma nova lição,

Vem, vamos embora que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
(Pra dizer que não falei das flores- Geraldo Vandré)
O desfile que saiu da Escola de Referência em Ensino Médio às 8:00 seguiu pela praça da Bíblia e praça do XV até o Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante onde uma equipe do Quartel 71 MTZ e do Senai realizava uma "Ação de Cidadania".
Atividade que foi acordada quando estivemos com o secretário de Direitos Humanos do Município.
No Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante, após o lanche, os alunos deram continuidade as apresentações de trabalhos, produções e pesquisas.





Aqui o grupo de Louvor da Igreja Presbiteriana de Heliópolis que tem como compositor, guitarista e vocalista nosso aluno do 3º ano Hécio.

Apresentações de trabalhos






O encontro foi encerrado com a participação marcante de Aldejan e André Aldejan(filho)











 
Maria Perpétua Teles Monteiro